Em janeiro, valor da cesta básica sobe em 16 capitais

No primeiro mês de 2024, o custo da cesta básica aumentou em 16 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. A única redução ocorreu em Fortaleza (-1,91%). As elevações mais importantes foram registradas em Belo Horizonte (10,43%), Rio de Janeiro (7,20%), Brasília (6,27%) e Goiânia (6,18%).

Florianópolis foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 800,31), seguida por São Paulo (R$ 793,39), Rio de Janeiro (R$ 791,77) e Porto Alegre (R$ 791,16). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 528,48), Recife (R$ 550,51) e
João Pessoa (R$ 559,77).

A comparação dos valores da cesta, entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, mostrou que nove capitais tiveram alta de preço, com destaque para as variações das cidades do Sul: Florianópolis (5,21%), Curitiba (4,47%) e Porto Alegre (4,47%). Outras oito apresentaram taxas negativas que oscilaram entre -9,47%, em Recife, e -0,26%, em Salvador.

Com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de Florianópolis, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima
mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em janeiro de 2024, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.723,41, ou 4,76 vezes o mínimo de R$ 1.412,00. Em dezembro de 2023, quando o salário mínimo foi de R$ 1.320,00, o valor necessário ficou em R$ 6.439,62 e correspondia a 4,88 vezes o piso
mínimo. Em janeiro de 2023, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.641,58 ou 5,10 vezes o valor vigente.

Cesta x salário mínimo

Em janeiro de 2024, mesmo com o aumento de 6,97% no salário mínimo, o tempo médio
necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 106 horas e 30 minutos. Em
dezembro de 2023, antes do reajuste, a jornada média ficou em 109 horas e 03 minutos, e, em
janeiro de 2023, em 116 horas e 22 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto
de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso
nacional comprometeu, em média, em janeiro de 2024, 52,33% do rendimento para adquirir os
produtos alimentícios básicos. Em dezembro de 2023, com o salário mínimo no valor de
R$ 1.320,00, o trabalhador precisou usar 53,59% da renda líquida para essa compra. Em janeiro
de 2023, o percentual ficou em 57,18%.

Comportamento dos preços dos produtos da cesta1

Em janeiro 2024, o preço da batata aumentou em todas as cidades da região CentroSul, onde o tubérculo é pesquisado. A diminuição da oferta pode ser explicada pelo
excesso de chuvas. As altas foram expressivas e oscilaram entre 30,43%, em Porto
Alegre, e 74,19%, em Florianópolis. Em 12 meses, todas as cidades apresentaram taxas
positivas, com destaque para Florianópolis (67,50%), Campo Grande (43,85%) e Rio
de Janeiro (39,83%).

  • O custo do quilo do feijão subiu em todas as capitais. O tipo carioquinha, pesquisado
    no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Belo Horizonte e São Paulo, apresentou taxas que
    variaram entre 5,29%, em Aracaju, e 19,64%, em Belo Horizonte. Em 12 meses, todas
    as cidades registraram queda, com destaque para Belém (-18,18%), João
    Pessoa (-16,01%) e Aracaju (-15,13%). O preço do feijão tipo preto, coletado nas
    capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, também foi maior em todas as cidades
    e as variações oscilaram entre 8,63%, em Florianópolis, a 15,82%, em Vitória. Em 12
    meses, todos os municípios pesquisadostiveram aumento no preço médio, com destaque
    para Vitória (24,51%) e Curitiba (24,26%). As altas cotações do feijão ocorreram devido
    à menor oferta dos dois tipos coletados. Além de o grão carioca de melhor qualidade
    estar sendo comercializado por um valor maior, esse tipo de feijão teve a área plantada
    reduzida, e, mesmo com a menor demanda, por causa das férias escolares, os preços no
    varejo aumentaram.
  • O preço médio do óleo de soja voltou a subir em todas as capitais e, de dezembro de
    2023 a janeiro de 2024, as altas oscilaram entre 0,40%, em Fortaleza, a 19,77%, em
    Belém. Em 12 meses, porém, as variações foram negativas, com destaque para as
    reduções em Florianópolis (-28,99%) e Vitória (-27,47%). Os preços internacionais do
    grão apresentaram queda, mas a demanda por óleo de soja bruto seguiu firme e, no
    varejo, os preços aumentaram.
  • Em janeiro de 2024, o preço do arroz agulhinha aumentou em 16 das 17 cidades da
    Pesquisa, com variações entre 5,01%, em Curitiba, e 15,26%, em Belém. Em Aracaju,
  • a redução foi de -0,48%. Em 12 meses, as altas foram expressivas e alcançaram 50,76%,
  • em Goiânia, 41,18%, em Brasília, e, 37,80%, em Campo Grande. A menor oferta,
  • devido aos baixos estoques provocados pelo volume exportado, fez subirem os valores
  • médios do grão no varejo.
  • O preço do tomate aumentou em 16 das 17 capitais, entre dezembro de 2023 e janeiro
    de 2024, com taxas expressivas em Belo Horizonte (31,22%), Rio de Janeiro (24,87%)
    e Natal (24,40%). A queda foi registrada em Fortaleza (-26,00%). Em 12 meses, o preço
    do tomate apresentou comportamento diferenciado, com elevação em 10 cidades. O
    destaque foram as variações das cidades do Sul: Porto Alegre (39,71%), Curitiba
    (27,25%) e Florianópolis (22,19%). Houve redução em outras sete capitais, entre as
    quais destacam-se Fortaleza (-42,22%) e Recife (-41,48%). A menor oferta do fruto
    elevou os preços no varejo.
  • O preço do leite integral diminuiu em 11 capitais. As reduções oscilaram entre -6,53%,
    em Belém, e -0,17%, em Goiânia. Em Curitiba, o preço médio não variou, enquanto as
    maiores altas foram anotadas em Belo Horizonte (1,53%), Florianópolis (1,34%) e
    Brasília (1,18%). Em 12 meses, o valor médio do leite acumulou queda em quase todas
    as cidades, com taxas entre -14,34%, em Vitória, e -2,55%, no Rio de Janeiro. O
    aumento ocorreu em Belém: 1,08%. A oferta maior, consequência da importação do
    leite, e a retração da demanda, devido aos altos patamares de preços dos derivados,
    explicam as reduções no varejo.

Campo Grande

  • Valor da cesta: R$ 736,76
  • Valor da cesta básica para uma família composta por quatro pessoas2
    : R$ 2.210,28
  • Variação mensal3 e no ano: 5,60%
  • Variação em 12 meses: (-0,85%)
  • Revertendo a alta observada em dezembro, o Café em pó (-1,18%) apresentou a retração
    mais expressiva no primeiro mês de 2024, seguido pelo açúcar cristal (-0,50%). Em 12 meses,
    o café apresenta retração de preços (-10,38%), o que pode continuar, em se confirmando a
    boa safra esse ano. Já o açúcar apresenta alta em 12 meses (3,10%).
  • Por outro lado, a farinha de trigo (0,65%) reverteu a considerável baixa do mês anterior. A
    discreta alta, porém, não afetou o preço do pão francês (-0,57%) que completou um
    quadrimestre de retração de preços. Em janeiro de 2023, o quilo do pãozinho era
    comercializado a R$ 16,00, em média. Neste ano, o preço médio do derivado foi de R$ 15,80.
  • Como observado em dezembro, a batata (58,00%) registrou a variação mais expressiva entre
    os itens pesquisados. O preço médio do tubérculo em dezembro foi de R$ 6,00, saltando para
    R$ 9,48 em janeiro. Em 12 meses, o acumulado também é positivo (43,80%): em janeiro de
    2023, o preço médio fechou em R$ 6,59.
  • O feijão carioquinha (14,54%) e o arroz agulhinha (8,85%) estão com os preços em elevação.
    Em ambos os casos, não há evidências de mudança no nível de preços: no caso do feijão, há
    redução da área plantada e queda da produtividade, e no caso do arroz, permanecem a opção
    por atender o mercado externo, o que tem diminuído a oferta nacional.
  • Altas também foram observadas nos preços de banana (6,95%), óleo de soja (3,01%),
    manteiga (2,31%), carne bovina (1,90%), tomate (0,53%) e leite de caixinha (0,38%).
  • A jornada de trabalho necessária para comprar uma cesta básica na capital foi de 114 horas
    e 47 minutos, e o comprometimento do salário mínimo líquido4 para aquisição de uma cesta
    básica alcançou 56,41%. Em Janeiro de 2023, quando o salário mínimo líquido era de
    R$ 1.121,10, o comprometimento da cesta alcançou 66,8%, sendo necessárias 135h e 05 de
    trabalho para comprar o conjunto de 13 itens de alimentação.

Fonte: Dieese

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