Roda de Conversa Inclusiva debate os caminhos e os gargalos da educação especial

O Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública – ACP, realizou na noite desta quinta-feira (21), uma “Roda de Conversa Inclusiva” com o intuito de debater as experiências dos profissionais da educação especial, em sala de aula, e também pais e mães, a respeito da realidade do dia a dia da criança e do adolescente que precisa de atenção e cuidados tanto no ambiente da escola, como no meio social.Organizado e Coordenado pelo Coletivo da Inclusão e Coletivo da Educação Especial da ACP, a Roda de Conversa faz parte das atividades em alusão ao Setembro Verde e também do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado desde 1982, no dia 21 de setembro.

A abertura do evento contou com a presença do presidente da ACP, professor Gilvano Bronzoni, a vice-presidenta da ACP, professora Josefa Silva, o presidente da Fetems, professor Jaime Teixeira, a vice-presidenta da Fetems, professora Deumeires Morais. Em sua fala de abertura, o presidente da ACP destacou que a educação especial é um desafio e uma pauta muito importante para o sindicato. “O debate para uma educação pública de qualidade realmente inclusiva em todos os aspectos passa pela qualidade na educação especial e hoje, entre as pautas permanentes do nosso sindicato, está a luta pela realização de um concurso público para professor(a) para educação especial na rede municipal de ensino”, destaca professor Gilvano.Para a vice-presidenta da ACP, professora Josefa Silva, esta é uma pauta construída a partir da realidade da sala de aula e das vivencias dos(as) professores(as), ao qual nós precisamos olhar como um todo, e lutar para que todas as crianças sejam contempladas em suas especificidades. “são necessárias ações efetivas por parte do poder público, precisamos de mais ferramentas políticas para que a inclusão de fato aconteça em nossas escolas”, declara professora Josefa.

O debate aberto ao público e transmitido ao vivo pelas redes sociais da ACP teve a mesa de debates mediada pelo Professor Dr. Ronaldo Rodrigues Moisés e  contou com a participação do deputado estadual, Pedro Kemp(PT), do Professor ME. Dinis Cunha Silveira, da Assistente Social da Pestalozzi, Cristiane Tiecher e da Acadêmica de Psicologia, Ana Sauer e da ArteEducadora.Ao final do evento foi lida a “Carta em defesa da educação especial”, que de acordo com a coordenadora do Coletivo da Educação Especial da ACP, professora Eliane Pereira Regis Santos, e a professora Maisa Vargas Veiga, do Coletivo da Inclusão, será encaminhada aos vereadores e deputados estaduais para assumirem o compromisso com a Educação Especial de qualidade e Inclusiva, a contento para todos os nossos alunos das escolas públicas de Mato Grosso do Sul. 

CARTA EM DEFESA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 

A Associação Campo Grandense de Professores vem a público conclamar a sociedade Campo Grandense para manifestar-se em defesa da Educação Especial Inclusiva, contra qualquer forma de exclusão, segregaçãe discriminação  de qualquer natureza às pessoas com deficiência.É necessário lembrar algumas conquistas históricas e de lutas da educação especial inclusiva, como a Declaração de Salamanca (1994); a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006; a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) –  Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, no intuito de combater a segregação e o capacitismo. Essas conquistas são frutos da luta de famílias, movimentos sociais em defesa dos direitos das pessoas com deficiência e apoiada pela a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), por meio de mobilizações.Quanto a Lei Brasileira de Inclusão podemos dizer que é um grande marco brasileiro na conquista dos direitos da pessoa com deficiência, uma vez que vai na contramão de um passado histórico de exclusão, pois é um dispositivo destinado a assegurar e promover a igualdade de condições com as demais pessoas, para o exercício desses direitos, da inclusão e da cidadania.Entretanto, a luta ainda é árdua e multifacetada: há as barreiras arquitetônicas, como portas estreitas, calçadas desniveladas, ausência de rampas, ausência de libras, áudio descrição e tecnológicas; e as atitudinais, que se resumem em um conjunto de preconceitos e predisposições contrárias a inclusão com equidade. Portanto, faz-se necessário lembrar que algumas obrigações são do Estado e Municípios e que esses devem buscar eliminar essas barreiras ou partes delas. Assim, é importante cobrar dos dirigentes governamentais que o acesso, a permanência e o êxito à educação e às aprendizagens – garantias constitucionais – se realizem, sobretudo, no chão da escola.Campo Grande não pode ser insensível à implementação de políticas públicas à educação especial inclusiva, uma política voltada à estratégias pedagógicas; a uma aprendizagem real, sistemática, na interação com o outro; a um atendimento educacional especializado, com qualidade, com equipe multidisciplinar, composta por outros profissionais de diversas áreas, que possam contribuir com o processo de desenvolvimento, inclusão e aprendizagem de crianças, jovens e adolescentes.A valorização dos profissionais da educação especial, também é pauta de nossas defesas, hoje são denominados pela rede pública municipal e estadual, respectivamente, de auxiliar pedagógico especializado, ou auxiliar de educação inclusiva e ou professor de apoio educacional. Primeiro é preciso entender a diferença entre ser auxiliar, apoio e professor, ter o reconhecimento de que todos somos PROFESSORES, portanto, precisam ser reconhecidos, fazer parte do grupo, nas escolas, nas secretarias de educação, precisam ser incluídos no bojo das discussões sobre a valorização profissional, precisam receber formações pedagógicas regularmente e ter momentos para realizar os planejamentos e estudar sobre eles.Ao categorizar esse grupo como PROFESSORES, haverá o resgate também poético do significado de professor(a): “aquele(a) que sonha”, aquele(a) que sonha com respeito a si e ao seu aluno, sonha com condições dignas de trabalho, sonha formações continuadas, um fórum de discussões talvez, quiçá um Congresso. Sonha com inclusão e equidade!O desafio de uma sociedade realmente inclusiva está a muito de se concretizar. Todavia, muito já foi e está sendo feito por meio de uma militância aguerrida que, tem em sua história, em sua pele, e em seus corações a marca da exclusão sem, contudo, deixar de esperançar um futuro melhor por meio da educação inclusiva.

Fonte: ACP-MS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *