“Déjà-vu”: Em 2023, jogo do bicho voltou a colocar deputado estadual na mira do Gaeco

Este ano de 2023 teve uma espécie de “déjà-vu” com o suposto envolvimento de um parlamentar da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul com o jogo do bicho. No início deste mês, o deputado estadual Neno Razuk (PL) foi alvo da Operação Sucessione, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), e chegou a correr risco de ser preso.

Há três anos, em 2020, também no início do mês de dezembro, o Gaeco e policiais do Garras (Delegacia de Repressão a Assaltos a Banco, Roubos e Sequestros) cumpriram mandados de busca e apreensão na 6ª fase da Operação Omertà. Na mira da ação, o deputado estadual Jamilson Name (PSDB).

A operação cumpriu um dos mandados na casa do parlamentar no Bairro Itanhangá Park. Jamilson era investigado por organização criminosa armada, lavagem de capitais e exploração do jogo do bicho e se tornou réu após a Justiça aceitar a denúncia, em janeiro de 2021.

O Ministério Público Estadual conseguiu interditar a empresa Fena Assessoria e Consultoria Empresarial, de propriedade do deputado, e suspender a venda do Pantanal Cap ao acusar o título de capitalização de lavar dinheiro do jogo do bicho.

Jamilson nega qualquer ligação com atividades criminosas. Ele ressalta que a Pantanal Cap teve aval do Governo federal para funcionar, recolhe impostos e ainda contribui com a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

De volta a 2023, o alvo da vez é o deputado estadual Neno Razuk, filho da ex-prefeita de Dourados, Délia Razuk, que já foi secretário de Planejamento da cidade, em 2009, e está no segundo mandato na Assembleia Legislativa.

A Operação Sucessione, deflagrada em 5 de dezembro, investiga uma organização criminosa suspeita de praticar roubos e concurso de agentes na disputa pelo monopólio do jogo do bicho em Campo Grande.

Após a ação do Gaeco, Neno Razuk deu entrevista coletiva na Alems em que negou qualquer ligação com a contravenção penal e de estar na disputa do mercado deixado pela família Name.

“Não tenho nada a temer, não sou criminoso”, garantiu o deputado, que teve uma pistola, telefones celulares e o tablet do filho apreendidos.

A situação poderia ter sido pior, já que o Gaeco pediu a prisão de Razuk e o aponta como líder de organização criminosa. O parlamentar, entretanto, se livrou da detenção por ter foro privilegiado. 

Assembleia pode intervir

Assim como tentaram fazer com Jamilson Name, os deputados da Assembleia Legislativa podem intervir para livrar Neno Razuk de complicações na Justiça, pelo menos temporariamente.

Em março de 2021, pelo placar de 12 favoráveis e 4 contrários, a Alems aprovou a suspensão da ação criminal por organização criminosa armada e lavagem de dinheiro do jogo do bicho contra Name. Porém, a decisão acabou não tendo efeito perante o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande.

O magistrado considerou ineficaz a decisão do Legislativo com a justificativa de que somente a maioria absoluta, 13 dos 24 deputados estaduais, poderia trancar a denúncia. A decisão foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Desta forma, caso algum deputado apresente requerimento propondo a sustação de uma possível ação penal e consiga os 13 votos necessários, Neno Razuk só teria de responder à Justiça após a conclusão do mandato.

Fonte: O Jacaré

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