Vereadora Luiza Ribeiro denuncia desrespeito aos direitos dos servidores municipais e privilégios políticos em Campo Grande

A vereadora reeleita, Luiza Ribeiro (PT), concedeu entrevista exclusiva para o Jornal Servidor Público MS onde destacou diversos direitos e garantias que não estão sendo cumpridas aos servidores públicos municipais. Além disso, teceu duras críticas à gestão da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e apontou uma série de problemas que afetam o funcionalismo público e a sociedade.

Contratações temporárias e terceirização: uma ameaça aos servidores

Luiza Ribeiro questionou a política de contratações temporárias para serviços permanentes, prática que considera inconstitucional, e defendeu a realização de concursos públicos como forma de garantir a segurança jurídica dos servidores e a qualidade dos serviços prestados à população. “Não existe fazer serviço público sem servidor”, afirmou a vereadora, ressaltando a importância da valorização dos profissionais que atuam na linha de frente dos serviços públicos.

A parlamentar também se mostrou contrária à terceirização de serviços essenciais, como saúde, educação e segurança pública. Para ela, a terceirização prejudica a qualidade dos serviços e fragiliza os direitos dos servidores. “Para ter um serviço público de qualidade temos que ter um servidor público com segurança contratual e segurança salarial”, enfatizou.

Direitos desrespeitados e “folha secreta”: um escândalo na gestão

A vereadora denunciou o não cumprimento de direitos dos servidores, como o pagamento de periculosidade para a Guarda Civil Metropolitana e insalubridade para a enfermagem, ambos previstos em lei e com dotação orçamentária. “É lei em Campo Grande que os profissionais que trabalham com segurança pública, como a Guarda Civil Metropolitana, têm direito à periculosidade. Cada mês de trabalho que passa, a família do guarda perde mensalmente cerca de R$ 960 que deveriam ser pagos”, lamentou.

Outro ponto central da entrevista foi a denúncia do escândalo da “folha secreta”, um esquema de pagamento de salários altíssimos sem previsão legal, que, segundo a vereadora, desde o início da denúncia já deve ter desfalcado os cofres públicos em cerca de R$ 1 bilhão.

Luiza afirmou que o caso foi levado ao Tribunal de Contas do Estado, que comprovou a irregularidade e determinou que a prefeita fizesse um Termo de Ajustamento de Conduta, o que não foi cumprido. “De 2022 seriam R$ 360 milhões, a folha prosseguiu em 2023, prosseguiu em 2024, então temos mais ou menos R$ 1 bilhão desviados da folha secreta”, denunciou.

Jornada de trabalho excessiva e desvalorização dos condutores do SAMU

Luiza Ribeiro também criticou a jornada de trabalho excessiva dos servidores municipais, que, segundo ela, compromete a qualidade de vida dos profissionais e a eficiência dos serviços. “Para um servidor cumprir a jornada de 8h por dia, ele fica à disposição do serviço mais ou menos 10h por dia. Entre ir e voltar ao serviço… são 12h da vida dele e da família envolvidas no trabalho sem necessidade”, observou.

“Nossa missão é apresentar um projeto para que os servidores passam a ter uma jornada de 30h semanais, sem redução de salário e até mesmo melhorar o ambiente da cidade, porque os servidores vão poder comer melhor, vão poder ir para casa se alimentar, melhorar o trânsito, cuidar um pouco mais da família, ter tempo para fazer atividade física. Não é a vida do servidor que está errada, é essa jornada de 8h que está”.

Luiza ressalta que a sociedade não será prejudicada, se reduzir a carga horária de 40h para 30h semanais. “Queremos tentar solucionar um problema que se arrasta há muito tempo, e a maioria das prefeituras do interior trabalha 6h, nem que se faça dois períodos. O governo do estado trabalhou 6h por 14 anos e por um equívoco do governador Eduardo Riedel tomou uma decisão de atraso e voltou para as 8h por dia”, complementou.

A vereadora também chamou a atenção para a situação dos condutores de ambulâncias do SAMU, que são classificados como motoristas e recebem salários inferiores aos de suas funções. “Esses servidores estão classificados como motoristas e ganham em média R$ 1.100. Só que eles não são apenas motoristas, a condução deles é diferente, eles são condutores do SAMU, além disso, eles estão envolvidos no trabalho do socorro, são treinados para isso e avaliados pelas entidades competentes, mas não são remunerados como tal”, criticou.

Luta pelos servidores e compromisso com as mulheres

Luiza Ribeiro reafirmou seu compromisso com a luta pelos direitos dos servidores públicos municipais e anunciou que a bancada do PT deve continuar como oposição à gestão de Adriane Lopes na Câmara Municipal. A vereadora também destacou a importância da defesa dos direitos das mulheres e anunciou a realização de uma audiência pública em março, no Mês da Mulher, para debater a eficiência da rede de enfrentamento à violência contra a mulher em Campo Grande.

“Não somos contra a pessoa dela, até porque ela é uma mulher muito inteligente, muito capaz. O que não admitimos é essa gestão. A Adriane é uma péssima prefeita, ela não dá solução para as questões mais importantes e ela piora situações que poderia evitar. Por exemplo, as secretarias estão recheadas de pessoas com esse ‘gosto religioso’, nomeou pastores da própria igreja, ela sabe que além de ilegal, não traz eficiência para o serviço público”, enfatizou.

Nota: A produção do Jornal do Servidor entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Campo Grande sobre as declarações que citam a prefeita Adriane Lopes, mas até o momento não obteve resposta. O espaço está à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Roberta Cáceres/ Jornal do Servidor Público MS

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