Cassems tem atuado para que a crisefinanceira nos planos de saúde suplementar não afete o atendimento aos seus beneficiários
Em meio a crise nos planos de saúde suplementar no Brasil, Cassems se destaca através de investimentos em novas tecnologias e no aperfeiçoamento de sua rede própria visando oferecer a melhor assistência à saúde do estado ao seus beneficiários
No Brasil e especificamente em Mato Grosso do Sul, é notório que o futuro dos planos de saúde passa por turbulências e grandes desafios, pois vivem um período de transformação e adequação a diversos fatores como a inflação pós-pandemia, o envelhecimento da população e as novas tecnologias médicas.
No Estado, a Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems) se destaca por ser uma operadora de plano de saúde em regime de autogestão. O que isso significa? Sua gestão é administrada pelos próprios servidores públicos do estado de Mato Grosso do Sul, seus beneficiários, e não por uma empresa com fins lucrativos.

Essa característica traz algumas particularidades muito importantes, pois carrega como pilares de sua fundação três pontos que chamam atenção, são eles: gestão participativa, sem fins lucrativos e foco principal no beneficiário. São fatores que despertam o interesse de diversos gestores de vários estados do País que visitam e estudam a Cassems para entender o funcionamento da instituição e o seu sucesso.
Fundada pelos próprios servidores por intermédio das entidades sindicais, as categorias têm representação nos conselhos deliberativo e fiscal da Cassems, participando ativamente das decisões e da gestão do plano. Isso garante maior alinhamento entre os interesses dos beneficiários e as ações da operadora.
Diferentemente de outros planos suplementares, a Cassems não visa lucro. Os recursos arrecadados com as mensalidades são integralmente reinvestidos na própria operação, como melhorias na rede de atendimento, ampliação de serviços e programas de prevenção.
Por não ter a pressão por lucro, a Cassems pode direcionar seus esforços para oferecer um atendimento mais humanizado e focado nas necessidades dos seus usuários. Dessa forma, muitas demandas específicas do servidor público podem ser tratadas diretamente com os conselheiros ou até mesmo com a presidência, não passando por uma direção nacional, por exemplo.
Crise financeira
Um exemplo de crise financeira nos planos de saúde é o caso da Unimed Nacional que terá que receber aporte de R$ 1 bilhão das regionais para dar um fôlego nas contas e não sofrer uma eventual intervenção da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), conforme divulgou recentemente o jornal Valor Econômico.

Esse valor deve vir da contribuição de 10% das reservas técnicas das Unimeds locais ao longo deste ano. Esta é a primeira vez que as cooperativas regionais usarão recursos próprios para socorrer a Unimed Nacional.
Ainda de acordo com a reportagem, 109 Unimeds de planos de saúde e odontológicos tiveram prejuízo operacional entre janeiro e setembro do ano passado, segundo dados da ANS. Ao todo, essas operadoras contam com 7 milhões de clientes. Em relação ao prejuízo líquido (que inclui a receita financeira), 69 ficaram no vermelho.
Desafios
São muitos os desafios para os planos de saúde suplementar. Um deles é a inflação pós-pandemia que resultou no aumento dos preços de medicamentos, materiais hospitalares, procedimentos e honorários médicos, pressionando as mensalidades dos planos. A sinistralidade também tem afetado diretamente, que se trata da relação entre os custos assistenciais e as receitas das operadoras.

Outro ponto é o envelhecimento da população, especialmente aqueles voltados para o tratamento de doenças crônicas e condições relacionadas à idade. Isso pressiona os custos dos planos de saúde.
As novas tecnologias médicas trazem avanços significativos no diagnóstico e tratamento, no entanto, essas tecnologias geralmente têm um alto custo, o que impacta os preços dos planos de saúde e aumento de investimentos no treinamento dos profissionais.
O que fazer
Em contrapartida, os planos de saúde podem tomar algumas medidas que auxiliam na redução de gastos e estratégias para lidar com a crise, além do controle dos custos e transparência na gestão.
Tendo como referência a Cassems — que tem buscado uma série de alternativas para reduzir gastos —, dando ênfase na prevenção da saúde para diminuir a necessidade de tratamentos mais complexos e dispendiosos no futuro. Isso inclui ações de conscientização sobre hábitos saudáveis, prevenção de doenças crônicas e acompanhamento de pacientes com doenças preexistentes.
A Cassems tem focado numa gestão eficiente de custos para otimizar seus recursos, como a construção de usina fotovoltaica que fornece energia limpa para as suas unidades hospitalares. Com uma durabilidade mínima de 25 anos, as placas solares garantirão uma economia prevista de R$ 227 milhões ao final desse período.

Em 2024, o plano de saúde fundou o Banco Cassems, com objetivo de ser 100% digital e com R$ 0,00 custo de investimento, em que por meio de parceria a entidade entrou com a marca Cassems, além das transações financeiras. A instituição visa a diminuição de despesas bancárias e menores taxas e juros. A médio e longo prazo, a Cassems espera ter lucros reais para investimento em serviços e infraestrutura.
Também tem ampliado a rede credenciada e serviços próprios, como o Hospital Cassems em Campo Grande e outros municípios, em que disponibiliza serviços próprios, buscando oferecer mais opções de atendimento aos seus beneficiários e reduzir a dependência de prestadores externos.
Tem feito a implementação de tecnologias para otimizar processos, como prontuário eletrônico, projetos para implementar telemedicina — o que pode contribuir para a redução de custos e a melhoria da qualidade do atendimento.
Negociação salarial
Por atender um público-alvo — os servidores públicos —, a negociação salarial por meio da Revisão Geral Anual (RGA) é extremamente importante para a receita da Cassems, pois opera com um sistema de contribuição onde os servidores públicos do Mato Grosso do Sul contribuem mensalmente com um percentual de seus salários. No entanto, o funcionalismo público tem acumulado grande prejuízo salarial, com índices abaixo da inflação e sem nenhum ganho real.
Destacamos que estudos realizados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a pedido do Fórum dos Servidores de Mato Grosso do Sul, apontaram defasagem salarial de 39,43%, correspondente ao período de maio de 2015 a maio de 2022, calculados considerando o IPCA\IBGE. Defasagem que afetou também a arrecadação da Cassems.
Além disso, muitas vezes o Poder Executivo utiliza de adicionais — plantão, auxílios transporte e alimentação, diária, entre outros — para negociar melhorias para as categorias, o que não entra na base de cálculo para o desconto da Cassems e nem influencia diretamente na aposentadoria do servidor público.
Comparativo
Para se ter uma ideia, se comparar os preços de planos de saúde — Bradesco Saúde, Cassi, Unimed CGR, GEAP Saúde e Cassems — do ano de 2023 e 2024, o com melhor custo benefício é a Cassems.
A variação de preço de um ano para outro varia de 17,85% a 24,83%, sendo o menor índice o da Cassems. Em 2024, a média de valores dos planos é R$ 1.382,59, R$ 1.188,64, R$ 1.066,98, R$ 1.185,18 e R$ 426,65.
Futuro
Por fim, o futuro dos planos de saúde no Brasil é desafiador, mas também apresenta oportunidades como a telemedicina, o avanço das tecnologias na área da saúde e campanhas de prevenção. Uma gestão transparente e eficiente dos recursos também se mostra crucial para a saúde financeira das operadoras e a oferta de serviços de qualidade.
Questões externas também influenciam diretamente como a melhoria das condições socioeconômicas da população, o acesso à educação e a políticas públicas, mudança nos hábitos dos beneficiários, como a prática de atividade física e alimentação saudável.
Por: Roberta Cáceres/ Jornal Servidor Público