Prefeita celebra “prêmios” que ignoram “folha secreta” e “obra inacabada com mortes”
Prefeita comemora prêmio em infraestrutura e mobilidade, mas a obra citada nem foi concluída e já teve duas mortes (Foto: Divulgação)
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), celebrou, nesta semana, dois prêmios nacionais em mobilidade urbana e transparência. O “reconhecimento” nacional em mobilidade urbana ocorreu graças o corredor da Avenida Gunter Hans, inacabada e marcada por mortes. Já o segundo foi transparência, apesar do escândalo da “folha secreta” e de esconder as gratificações polpudas pagas aos integrantes do primeiro escalão.
Os troféus “estranhos” serviram para salvar o marketing da prefeita diante da população revoltada com o abandono da cidade, com buracos nas ruas, servidores sem reajuste e castigados com cortes de salários, falta de remédios nos postos de saúde, calote em fornecedores, etc.
O primeiro prêmio foi o Prêmio Band Cidades em infraestrutura e mobilidade urbana, concedido pelo grupo da TV Bandeirantes. Como parte da comemoração, a prefeitura atribuiu o “troféu” as obras, como do corredor de ônibus da Avenida Gunter Hans, que estava parada há vários anos e foi retomada em ritmo tartaruga. Além de estar inacabada, a obra foi marcada por duas mortes de jovens.
Um motociclista bateu na obra inacabada próximo do Trevo Imbirussu. A última foi a colisão de um veículo na mureta na obra inacabada próxima do Hospital Regional Rosa Pedrossian, no Bairro Aero Rancho. Outra obra lembrada foi a Avenida Wilson Paes de Barros, na Bairro Nova Campo Grande, que também teve acidentes com mortes.
O prêmio foi promovido pelo Grupo Bandeirantes e o Instituto Aquila. De acordo com a prefeitura, houve a avaliação de indicadores como governança, sustentabilidade e inovação em mais de 5,5 mil municípios. “Campo Grande foi a grande vencedora na etapa regional”, celebrou a assessoria.
Alheia aos problemas, a prefeita embarcou na visão dos “responsáveis” em escolher os melhores para conceder o prêmio e ignorou os problemas que revoltam a população da Capital. “Dedico esse reconhecimento nacional a toda a equipe da Prefeitura. É um sinal de que estamos no caminho certo. Enfrentamos grandes desafios, mas avançamos, retomamos obras paradas há mais de 20 anos e seguimos investindo em mobilidade e infraestrutura”, destacou Adriane, mantendo o ritmo da campanha eleitoral do ano passado.

“Diamante” em transparência
Apesar do escândalo da folha secreta, que era o pagamento de supersalários sem a divulgação no Portal da Transparência, e da manobra para dificultar a divulgação dos penduricalhos, que quase dobram os salários dos secretários e outros apadrinhados, a prefeitura recebeu o selo Diamante em Transparência no PNTE (Programa Nacional de Transparência Pública), concedido pela Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil).
O “troféu” conta com o aval dos Tribunais de Contas de todo o País. No entanto, a prefeitura deu um jeito de dificultar a divulgação das “gratificações” pagas aos secretários ao exigir o nome completo, número da matrícula e CPF para informar ao cidadão.
“O recebimento do Selo Diamante pelo Programa Nacional de Transparência Pública é um reconhecimento de grande importância para Campo Grande, pois confirma a excelência do município na abertura de dados, na integridade das informações e no fortalecimento do controle social. Conquistamos esse nível máximo de certificação graças ao trabalho contínuo de aprimoramento dos nossos portais e do compromisso da gestão em garantir acesso claro, ágil e qualificado às informações públicas”, festejou o controlador-geral do Município, Elton Souza.
As premiações soam estranhas para quem vive o dia a dia da Capital, com obras paradas, pouca transparência, onde falta quase tudo.

Fonte: ojacare.com.br/By Edivaldo Bitencourt