Bolívia vai às urnas para 2º turno neste domingo em busca de saída para crise

Bolívia vai às urnas neste domingo, 17, para o segundo turno das eleições presidenciais, com as pesquisas apontando o favoritismo do ex-mandatário Jorge “Tuto” Quiroga.   

O candidato da aliança Liberdade e Democracia (Libre) aparece com cerca de 45% dos votos, contra 36,5% de Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), em uma disputa que se dá totalmente no campo conservador.

Trata-se do primeiro segundo turno da história do país andino, que ocorre no auge de uma grave crise econômica e marca o fim de 20 anos de poder do partido Movimento ao Socialismo (MAS), implodido pelas lutas internas entre os grupos do ex-presidente Evo Morales e do atual chefe de Estado, Luis Arce.

O primeiro turno, em agosto, mostrou, segundo analistas, o desejo dos bolivianos por estabilidade e desenvolvimento, diante da escassez de reservas em dólares, de uma forte desvalorização monetária, de uma inflação de 25% e do racionamento de combustíveis.

“Tuto”, de 65 anos e que já esteve à frente do país em 2001, saiu do primeiro turno com 26,7% dos votos e propõe uma “mudança radical”, como diz o slogan de sua campanha eleitoral, calcada no livre mercado. Em seu comício final em El Alto, a segunda cidade mais populosa da Bolívia, o líder da aliança Libre prometeu resolver a escassez de dólares e combustíveis com um plano internacional de “resgate” capitaneado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e transformar o país em uma “potência mundial do lítio”.

“Coloquem-me no governo e traremos os dólares”, garantiu o expoente de direita. Quiroga prometeu dar novo impulso à industrialização do “ouro branco” boliviano, após a tentativa do governo Arce de introduzir sua extração direta por meio de contratos com empresas chinesas e russas.

Já a Agenda 50/50 de Paz, de 58 anos, baseia-se em um modelo de desenvolvimento econômico inclusivo. O reformista moderado, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, foi a verdadeira surpresa do primeiro turno, no qual emergiu com o maior número de votos – mais de 32%, contra os 3% que tinha nas primeiras pesquisas.

Uma receita que, segundo observadores, pode ter mais chances de captar a simpatia dos ex-eleitores do MAS. O chefe do PDC propõe um programa baseado em três pilares: a descentralização do Estado; a construção de um modelo econômico definido como “capitalismo para todos”, visando favorecer empresas por meio de incentivos fiscais e acesso ao crédito; e uma profunda reforma da justiça.

Mas embora o expoente do PDC tenha recebido o apoio do milionário Samuel Doria Medina – que ficou em terceiro com quase 20% dos votos em agosto -, os observadores concordam que grande parte desses votos pode migrar para “Tuto”. E se não há dúvida de que o primeiro turno marcou a vontade da Bolívia de virar a página e retomar o crescimento, o pleito de domingo deixará claro se será uma guinada nítida à direita ou uma alternativa mais moderada. (ANSA).

Fonte: istoe.com.br/Ansa

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