Ato pró-Bolsonaro na Paulista tem batom inflável gigante, gritos por anistia e governadores; veja
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se reúnem na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 6, para um ato com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do próprio ex-presidente, réu sob acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
A manifestação política foi convocada sob o argumento de defender a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília.
A movimentação na Paulista é marcada por referências à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que pichou “perdeu, mané” na estátua que simboliza a Justiça, em frente ao STF, com batom. O ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, propôs uma pena de 14 anos de prisão para ela, que foi para prisão domiciliar e responde ao processo em liberdade desde o mês passado.
Michelle Bolsonaro levanta batom e faz homenagem a mulher que pichou ‘perdeu mané’
Ao discursar, a primeira-dama Michelle Bolsonaro chamou religiosos ao carro de som para dizer que todos ali defendem a anistia. Ela pegou um batom para lembrar a cabeleireira e dizer que ela é o “símbolo da luta pelo Brasil”. Michelle ainda disse que ministros do Supremo têm agido com injustiça ao definir as penas e pediu ao ministro Luiz Fux que não deixe “mães” na cadeia. Fux já declarou no STF que as penas impostas poderiam ser revistas.
Michelle também pregou que a população deve saber escolher seus candidatos em 2026. “Teremos dias melhores no Brasil”, disse. Ela ainda colocou três dos filhos ao lado do marido Bolsonaro: Flávio, Carlos e Jair Renan e lembrou que outro filho, o deputado Eduardo está fora do País.

Manifestação na Paulista pelo projeto da anistia Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Bolsonaro foi acompanhado de sete governadores aliados: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Melo (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG), Wilson Lima (União-AM), Mauro Mendes (União-MT), Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO). A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também comparecem.
Tarcísio diz que prisão é para assaltante, ladrão de celular, invasor de terra e corrupto
No discurso, Tarcísio de Freitas disse que se ovo, a carne e outros alimentos estão caros é porque Bolsonaro precisa voltar. Citou ainda outros episódios da história do País em que houve concessão de anistia e que o instituto pode ser recuperado agora. “Eu quero prisão sim é para assaltante, para quem rouba celular, para quem invade terra e para corrupto”, disse o governador.
Pouco antes do ato se iniciar, houve um princípio de confusão no momento em que tocava o Hino Nacional. Alguns segurança barraram pessoas que tentaram subir no carro de som logo depois da entrada do governador Tarcísio de Freitas. Depois de empurra-empurra a situação se acalmou.

Imagem aérea feita às 14h07, na Avenida Paulista, onde ocorre uma manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e contra o STF por sentenças aplicadas a condenados pelo 8 de Janeiro Foto: Flavio Florido/Estadão
Governadores de oposição defendem anistia
Ao chegar para ao protesto, Ronaldo Caiado afirmou que os atos do 8 de Janeiro são indefensáveis, mas que as penas são pesadas demais. “O sentimento é nacional, de promover anistia a essas pessoas que praticaram, sim, aquela prática indefensável no dia 8 de Janeiro, mas que não merecem também a pena na proporção que está sendo dada. É isso que estamos buscando: justiça, mas sem ser uma ação do Estado que venha punir como se fosse um gesto de vingança”, disse.
Silas Malafaia ataca presidente da Câmara por falta de votação do projeto de anistia
O Pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato, voltou a criticar a atuação do STF e mirou no presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Para Malafaia, Motta é culpado pelo fato de o projeto de anistia ainda não ter sido votado na casa Legislativa. “Você Hugo Motta está envergonhando o honrado povo da Paraíba”, disse o pastor.
Segundo ele, o presidente da Câmara atuou para impedir que líderes de partido assinassem o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto.
O pastor voltou a chamar o ministro Alexandre Moraes de ditador e disse que generais do Exército são covardes e orou para que “Deus não permita que esses homens maus prevaleçam”.
Uma pesquisa feita Genial/Quaest e divulgada pela neste domingo mostra que a maioria dos brasileiros é contra a soltura dos condenados pelos atos de 8 de Janeiro. Segundo o levantamento, 56% dos entrevistados disseram preferir que os envolvidos continuem presos, contra 34% que defendem sua soltura.
Apesar da indicação da sondagem, o governador do Paraná afirmou que a manifestação é por uma causa em nome da população brasileira.
“O evento é uma causa, em nome da população brasileira, por entender que o que está acontecendo com as pessoas que estão presas é uma punição muito além de qualquer crime que eles possam vir a ter cometido. E, acima de tudo, mostrar que existe hoje uma inversão de valores, onde a Justiça muitas vezes faz uma perseguição política em vez de ter uma posição justa”, disse Ratinho Junior.
Em discurso de cima do caminhão, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi o primeiro a subir o tom. Ele chamou Alexandre Moraes de covarde e disse que a manifestação é uma resposta à tentativa de “ditadores” amedrontarem o ex-presidente e aliados.
“Temos que ir para a rua para poder dizer o óbvio, de que altas penas é para criminosos e não para baderneiros. Ditadores de toga, principalmente Alexandre de Moraes, se utilizaram do dia 8 para nos amedrontar. Se lascou, olha a gente aqui. Essa é a resposta para você, seu covarde. Fizeram de tudo para massacrar a maior liderança política desse país, Bolsonaro. Digo novamente: se lascou!”, disse.
Fonte: msn.com/História de Pedro Augusto Figueiredo, Caio Possati, Karina Ferreira e Vinícius Valfré