Após críticas, Adriane culpa vereadores e diz que vai à Justiça contra aumento no próprio salário

Adriane Lopes disse que aumento foi iniciativa exclusiva do Legislativo. (Foto: Izaias Medeiros/CMCG)

Em meio à enxurrada de críticas nas redes sociais, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), anunciou que vai à Justiça contra o aumento de 96,73% em seu próprio salário, que chega a R$ 41.845,62 a partir do dia 1º de fevereiro. A chefe do Paço Municipal afirma que, caso não consiga reverter o reajuste aprovado pelos vereadores, irá doar integralmente o percentual reajustado de seu subsídio para instituições sociais.

Com o aumento, Adriane Lopes passa a ser a chefe do Executivo mais bem paga entre os prefeitos das capitais e vai ganhar um salário superior ao valor pago a 26 dos 27 governadores do País. Enquanto isso, a população sofre com a falta de remédios, de médicos e de vagas para consultas, exames e cirurgias na rede pública de saúde.

Após a repercussão negativa do aumento salarial, a prefeita da Capital divulgou uma nota, na noite de sábado (4), na qual explica o motivo que levou ao salto em sua remuneração, que passa a ser de 27 salários mínimos por mês, em lei aprovada pela Câmara Municipal em fevereiro de 2023.

“A medida foi aprovada pelos vereadores com o objetivo de corrigir distorções salariais e evitar perdas para 408 servidores municipais, cujas remunerações estão vinculadas ao teto definido pelo subsídio do prefeito, sendo definido que o aumento entraria em vigor em fevereiro de 2025, independentemente de quem estivesse ocupando os cargos contemplados”, relata.

“Esses servidores estavam há mais de 10 anos sem reajuste e dependiam dessa adequação para terem seus salários ajustados. Desde o início, a prefeita Adriane Lopes manifestou posição contrária ao aumento de seu próprio subsídio. À época, ela recorreu à Justiça contra a decisão, defendendo que o benefício fosse restrito apenas ao funcionalismo”, alega.

Adriane joga toda responsabilidade pelo aumento aos vereadores de Campo Grande. 

“É importante destacar que a aprovação e promulgação dessa lei foram conduzidas exclusivamente pelo Poder Legislativo, sem qualquer participação ou iniciativa do Executivo. Diante do exposto, a prefeita reitera seu compromisso com a responsabilidade fiscal e a transparência na administração pública”, ressalta.

A prefeita da Capital diz então que vai recorrer à Justiça contra a lei aprovada pelo Legislativo e, caso a decisão seja mantida não havendo mais recursos cabíveis, irá doar integralmente o percentual reajustado de seu subsídio para instituições sociais que atuam prioritariamente nas áreas de educação, saúde e assistência social. 

“Essa decisão reforça sua postura ética e seu compromisso com o bem coletivo, demonstrando que sua prioridade é atender às demandas mais urgentes da cidade e de seus cidadãos. Por fim, a prefeita Adriane Lopes reafirma que sua gestão permanece comprometida com a valorização dos servidores, a transparência e o equilíbrio fiscal, pilares essenciais para o desenvolvimento e o avanço de Campo Grande”, encerra a nota.

Prefeita mais bem paga do País

Reeleita no segundo turno, Adriane Lopes tomou posse no dia 1º deste mês como a primeira mulher eleita prefeita de Campo Grande. Neófita na política, a progressista estreou como vice de Marquinhos Trad (PDT) e venceu a primeira eleição ao disputar a reeleição.

Adriane vai ter um salto extraordinário no subsídio, de R$ 21.263,62 para R$ 41.845,62 – o equivalente a 27 salários mínimos por mês.

Embora a Campo Grande tenha 954,5 mil habitantes, a progressista terá salário 10% superior ao valor pago ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que recebe R$ 38.039,38 para comandar uma cidade com uma população de 11,8 milhões de habitantes.

Em relação a Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que tem vencimento mensal de R$ 34.572,89, a progressista recebe um valor 21% maior.

O valor pago a Adriane vai ser o novo teto do funcionalismo público municipal. O aumento de 96,76% vai beneficiar a elite do funcionalismo na Capital, composta por apenas 408 dos 27 mil contratados da prefeitura.

Adriane ganhará mais que o governador Eduardo Riedel (PSDB), que recebe R$ 35.462,63 por mês para comandar 79 municípios e 2,9 milhões de habitantes.

Só que ao contrário do Governo do Estado, que está com o orçamento equilibrado, Campo Grande enfrenta uma das mais graves crises financeiras de sua história. A prefeitura compromete mais de 55% da receita líquida com o pagamento de pessoal e não conta com dinheiro nem para cumprir decisões judiciais, que determinaram o pagamento de adicional de insalubridade aos profissionais da saúde e de periculosidade aos guardas municipais.

Adriane também não cumpriu o Lei do Piso, que prevê o pagamento de 100% do piso nacional para a jornada de 20 horas. No ano passado, ela firmou um acordo com os professores para postergar o cumprimento da legislação.

Além disso, na cidade sem problemas só existem 67 mil pessoas na fila de espera por consulta médica, exames e cirurgias. Há registro da falta de remédios nos postos de saúde e vagas para doentes em estado grave nos hospitais.

Confira na íntegra a nota da prefeita Adriane Lopes

“NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em 28 de fevereiro de 2023, a Câmara Municipal de Campo Grande aprovou a Lei Municipal nº 7.005, que estabelece o reajuste dos subsídios dos ocupantes dos cargos de prefeito, vice-prefeito e secretários municipais.

A medida foi aprovada pelos vereadores com o objetivo de corrigir distorções salariais e evitar perdas para 408 servidores municipais, cujas remunerações estão vinculadas ao teto definido pelo subsídio do prefeito, sendo definido que o aumento entraria em vigor em fevereiro de 2025,  independentemente de quem estivesse ocupando os cargos contemplados.

Esses servidores estavam há mais de 10 anos sem reajuste e dependiam dessa adequação para terem seus salários ajustados. Desde o início, a prefeita Adriane Lopes manifestou posição contrária ao aumento de seu próprio subsídio. À época, ela recorreu à Justiça contra a decisão, defendendo que o benefício fosse restrito apenas ao funcionalismo.

É importante destacar que a aprovação e promulgação dessa lei foram conduzidas exclusivamente pelo Poder Legislativo, sem qualquer participação ou iniciativa do Executivo. Diante do exposto, a prefeita reitera seu compromisso com a responsabilidade fiscal e a transparência na administração pública.

Reafirmando a sua posição contrária ao aumento e em respeito à população e à confiança depositada em sua gestão, a prefeita Adriane Lopes anuncia que recorrerá judicialmente mais uma vez e, caso a decisão seja mantida não havendo mais recursos cabíveis, ela  irá doar integralmente o percentual reajustado de seu subsídio para instituições sociais que atuam prioritariamente nas áreas de educação, saúde e assistência social. 

Essa decisão reforça sua postura ética e seu compromisso com o bem coletivo, demonstrando que sua prioridade é atender às demandas mais urgentes da cidade e de seus cidadãos.

Por fim, a prefeita Adriane Lopes reafirma que sua gestão permanece comprometida com a valorização dos servidores, a transparência e o equilíbrio fiscal, pilares essenciais para o desenvolvimento e o avanço de Campo Grande.”

Fonte: ojacare.com.br/By Richelieu de Carlo

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