Sem receber 13º, médicos, enfermeiros e administrativos cruzam os braços na Santa Casa

Funcionários do hospital (Foto: Juliano Almeida/Campo Grande News)

Funcionários da Santa Casa começaram a semana cruzando os braços em protesto pelo atraso do pagamento do 13º salário. A administração do hospital informou, na sexta-feira (19), que vai quitar o benefício dos trabalhadores em três parcelas no início de 2026 (janeiro, fevereiro e março). 

Revoltados com a situação, centenas de enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, e funcionários do setor administrativo paralisaram as atividades na manhã desta segunda-feira (22). Os profissionais não aceitam a proposta de parcelamento e esperam uma resposta do Governo do Estado, cujo repasse é utilizado pela direção do hospital para pagar o 13º.

A Santa Casa informou que em anos anteriores o governo aportava a 13ª parcela da contratualização a todos os hospitais filantrópicos de Mato Grosso do Sul. Neste ano, o Executivo estadual informou que não haverá o repasse e o secretário de Saúde, Mauricio Simões, informou à Federação das Filantrópicas que fará o repasse em três parcelas nos meses de janeiro, fevereiro e março.

De acordo com a lei, o 13º salário pode ser pago em duas parcelas, uma até o dia 30 de novembro e outra até 20 de dezembro.

O protesto começou no saguão do hospital por volta das 6h. Após a concentração, os trabalhadores fizeram uma caminhada no entorno da Santa Casa, carregando cartazes com os dizeres “queremos décimo!”, “saúde, unida, jamais será vencida” e “fora, presidente”, referência a Alir Terra Lima.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS(Siems), Lázaro Santana, diz que o atraso nos pagamentos é recorrente e que o parcelamento é considerado inaceitável.

O presidente do Sindicato dos Profissionais da Radiologia em Empresas Públicas e Privadas de MS (Sinterms), José Carrijo, disse ao Campo Grande News que os funcionários não abrem mão do pagamento do 13º antes do Natal. Segundo ele, são 3,5 mil funcionários, entre pessoal de enfermagem, radiologia, serviços gerais e médicos, que estão sem receber.

Segundo Carrijo, as categorias mantiveram 70% do efetivo em atividade, com 30% dos trabalhadores participando da paralisação.

Funcionários da Santa Casa fizeram passeata em torno do hospital para cobrar o pagamento do 13º salário. (Foto: Juliano Almeida/Campo Grande News)

Crise sem fim

Para evitar que a Santa Casa de Campo Grande feche as portas, o Ministério Público Estadual apelou à Justiça para conceder liminar e obrigar a prefeitura e o Governo do Estado a adotar um plano de urgência para socorrer o hospital, o maior de Mato Grosso do Sul com 600 leitos e responsável por 60% do atendimento estadual de alta complexidade.

O juiz Eduardo Lacerda Trevisan, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, ameaça bloquear R$ 12 milhões por mês se a prefeitura e o governo não apresentarem, em 90 dias, um plano com soluções factíveis para acabar com eterna e gravíssima crise na Santa Casa de Campo Grande.

O risco de colapso do hospital foi constatado por inúmeras vistorias do MPE, dos conselhos regionais de Enfermagem (Coren/MS) e de Medicina (CRM/MS). Médicos não recebem salários há seis meses, a dívida da instituição supera R$ 700 milhões e a prefeita da Capital, gestora do SUS, Adriane Lopes (PP), só aparece preocupada com a iluminação de Natal.

Reunião após reunião, mês após mês, o hospital vai agonizando, serviços são suspensos e pacientes vivem a agonia da espera por cirurgias, que não acontecem, e do agravamento do estado de saúde sem solução por parte da prefeita Adriane Lopes (PP), já que o município tem a gestão plena do SUS (Sistema Único de Saúde).

O Governo do Estado alega que a responsabilidade é da prefeitura, que tem gestão plena. O município alegou que o Governo Federal deveria ser chamado para discutir o reajuste na tabela do SUS.

Fonte: ojacare.com.br/By Richelieu de Carlo

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