Datafolha: para 54%, Bolsonaro quis fugir; 33% culpam surto por dano à tornozeleira
O ex-presidente Jair Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília Foto: AFP
O ex-presidente está preso na Superintendência da Polícia Federal por descumprimento de medidas cautelares
A pesquisa Datafolha, divulgada na manhã desta segunda-feira, 8, aponta que 54% dos brasileiros concordam com o entendimento do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pretendia fugir, enquanto 33% acreditam que o dano à tornozeleira eletrônica se deu por causa de um surto paranoico.
O levantamento ouviu 2.002 eleitores entre terça-feira, 2, e quinta-feira, 4, em 113 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Não souberam responder o que acham sobre o episódio foi 13% dos entrevistado.
Jovens com idades entre 16 e 24 anos acreditam que houve tentativa de fuga (60%), já os mais ricos apostam no surto (40%). Na leitura política, o surto é mais aceito entre grupos ligados ao bolsonarismo. Acolhem essa versão 40% dos moradores do Sul e Norte/Centro-Oeste, 46% dos evangélicos e 66% dos eleitores do ex-chefe do Executivo no segundo turno das eleições de 2022. Já a hipótese de fuga ecoa entre nordestinos (61%) e quem votou no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (66%).
Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto por descumprimento de medidas cautelares, como a proibição do uso de redes sociais, próprias ou de terceiros. No entanto, enquanto aguardava o resultado final de seu julgamento, no qual foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente violou o equipamento.
Então, por ordens do magistrado, a Polícia Federal cumpriu na manhã do dia 22 de novembro o mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente, que foi encaminhado para a Superintendência da corporação, em Brasília (DF).
Depois, soube-se que Bolsonaro tentou danificar a tornozeleira eletrônica com ferro de solda. No primeiro momento, o ex-presidente disse que fez isso “por curiosidade”. O ministro Alexandre de Moraes considerou que houve risco de fuga, da qual suspeitava quando o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocou uma “vigília de orações” para aquele sábado em frente à residência do pai.
Para o magistrado, a confusão poderia ser usada para retirar o ex-presidente do local e levá-lo a uma embaixada de algum país simpático a ele, como Estados Unidos, Argentina ou Hungria — onde Bolsonaro dormiu de forma suspeita por duas noites em 2024, visto que esses locais são invioláveis.
Durante audiência de custódia, no dia 23 de novembro, o ex-chefe do Executivo afirmou que estava paranoico e achou que poderia haver uma escuta na tornozeleira. Seus advogados sugeriram que o episódio foi causado por uma combinação de medicamentos para o tratamento de outros problemas de saúde, como as crises de soluço.
Desde então, Bolsonaro está detido na Superintendência da PF em uma sala destinada para ex-presidentes. Moraes decidiu mantê-lo no local e negou o pedido da defesa de prisão domiciliar após o encerramento do processo da trama golpista, em 25 de novembro.
Fonte: istoe.com.br/Da Redação