Em meio a crise, Adriane paga salário maior que governador a secretárias e valor chega a R$ 37 mil

Thelma Lopes, concunhada de Adriane, é chefe da Casa Civil e ganhou R$ 37,2 mil em setembro (Foto: Arquivo)

Apesar da crise financeira histórica na Prefeitura de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) dobrou os salários de integrantes do primeiro escalão com “verba secreta” e alguns secretários estão recebendo valor superior ao pago ao governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP). Em setembro deste ano, a chefe da Casa Civil e concunhada da prefeita, Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes, ganhou R$ 37.204,32.

De acordo com o Portal da Transparência, Thelma Lopes, que já protagonizou o “escândalo da folha secreta” na campanha eleitoral, recebeu R$ 32.190,17 líquidos – o montante é 24% superior ao valor pago com desconto ao governador do Estado (R$ 25.928,95).

No mês de setembro deste ano, a chefe da Casa Civil teve subsídio de R$ 19.028,90 como secretária municipal. Com desconto do Imposto de Renda e da previdência social, ela acabou recebendo R$ 14.014,75 líquidos. Além disso, segundo o Portal da Transparência, houve o pagamento de R$ 18.175,42 de verba indenizatória (identificada com a alcunha de outros pagamentos), que foi pago sem qualquer dedução.

O valor total pago a concunhada é 27,5% superior ao subsídio da prefeita. Com o reajuste em abril deste ano, o valor pago a Adriane Lopes em setembro foi de R$ 26.943,05 – o montante líquido ficou em R$ 19.752,51.

Outra contemplada com supersalário foi a secretária municipal de Administração e Inovação, Andréa Alves Ferreira Rocha, responsável por comandar as medidas de redução de salários dos demais servidores. Ela ganhou R$ 26.202,20 em setembro deste ano, resultado do subsídio de R$ 19.028,90 e de outros pagamentos no total de R$ 17.173,30 (valor pago sem qualquer tipo de dedução).

Outra que ganhou mais que o governador sul-mato-grossense é a secretária municipal Assistência Social e atual vice-prefeita da Capital, Camilla Nascimento de Oliveira (Avante), com vencimentos totais de R$ 35.828,11. Considerando-se que a vice teve R$ 13.593,58 de outros pagamentos, a “verba secreta” paga sem qualquer desconto, Camilla recebeu R$ 30.004,01 líquidos.

A secretária de Fazenda, Márcia Helena Hokama, teve salário total inferior ao de Riedel, já que o contracheque seria de R$ 35.056,90. No entanto, o valor líquido superior, no total de R$ 30.043,75, superou o de Riedel.

Confira os maiores salários pagos pela Prefeitura de Campo Grande em “crise”:

  • Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes – Chefe da Casa Civil – R$ 37.204.32
  • Andréa Alves Ferreira Rocha – secretária municipal de Administração – R$ 36.202,20
  • Camilla Nascimento de Oliveira – vice-prefeita – R$ 35.928,11
  • Márcia Helena Hokama – secretária municipal de Fazenda – R$ 35.056,90
  • Darci Caldo – secretário municipal de Articulação Regional – R$ 31.442,61
  • Youssif Domingos – secretário municipal de Governo – R$ 30.027,80 (pediu demissão em outubro)

Quando era secretário municipal de Governo, Youssif Domingos, tinha salário semelhante ao do adjunto, Ulisses da Silva Rocha. Como titular da pasta, em setembro, ele teve R$ 30.027,90, sendo R$ 19.028,90 de subsídio e mais R$ 10.998,90 de outros pagamentos. Como adjunto na Segov, Rocha teve R$ 29.047,25, sendo R$ 15.148,35 de subsídio e R$ 13.898,70 de outros pagamentos. Só que o valor líquido do adjunto, que virou secretário com o pedido de demissão de Domingos, era maior, R$ 25.100 contra R$ 25.013.

Até Darci Caldo, titular da recém criada Secretaria Municipal de Articulação Regional, ganha mais que a prefeita. Em setembro, o ex-secretário municipal na gestão Artuzi, que chegou a ser condenado a 19 anos de prisão pela Justiça, ganhou R$ 31.442,61 – enquanto a prefeita teve subsídio de R$ 26.943,05.

Os valores pagos como outros pagamentos são publicados no Portal da Transparência após o Tribunal de Contas do Estado intervir e exigir transparência da gestão de Adriane. Missionária da Assembleia de Deus Missões, a prefeita publica os valores no site da prefeitura, mas os valores só são divulgados ao cidadão que tiver em mãos o número da matrícula e do CPF do secretário.

Ou seja, a prefeita deu um jeitinho de dificultar a transparência. Para mudar o quadro, o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) apresentou projeto de lei que obriga a prefeitura a dar transparência a todos os pagamentos. O objetivo é acabar com subterfúgios que dificultam a fiscalização por parte do contribuinte.

Os salários foram pagos mesmo com um decreto de corte de gastos em vigor desde março deste ano. Os 30 mil servidores municipais não têm reajuste salarial, que é a reposição da inflação, desde 2023. Neste ano, apenas os salários dos secretários subiram.

Na semana passada, a prefeita adotou mais uma série de medidas de arrocho, como redução da jornada de trabalho de oito para seis horas, corte de 20% nos salários dos secretários e da prefeita. No entanto, a prefeita manteve a iluminação de Natal, que vai custar R$ 1,756 milhão.

Fonte: ojacare.com.br/By Edivaldo Bitencourt

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