Por que a bolsa está batendo recordes e até quando vai o bom momento

Ibovespa acumula valorização de quase 25% neste ano até outubro (Crédito: Divulgação)

Ibovespa marcou na segunda-feira seu 9º pregão seguido de alta e encerrou acima dos 150 mil pontos pela 1ª vez na história

Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, a B3, fechou com novo recorde na segunda-feira, 3, após subir 0,61% no dia e registrar 150. 454,24 pontos no encerramento do pregão. Foi a 9ª alta seguida do índice.

A marca da véspera segue a uma sequência de recordes registrados na semana passada e reflete o fluxo de capital estrangeiro no mercado acionário, explica Matheus Amaral, especialista em Renda Variável do Inter. “A bolsa segue, principalmente, à mercê do fluxo do investidor estrangeiro. Mas também bem suscetível a movimentos macro, como juros nos Estados Unidos, ou mesmo daqui”.

Na semana passada, o Federal Reserve, banco central americano, decidiu pela redução nos juros por lá em 0,25 ponto percentual, ficando a taxa entre 3,75% e 4% ao ano. Esse foi o segundo corte neste ano. “Ao longo do último ano, a nossa bolsa ficou mais relacionada a curva de juros americanos, movimentos e expectativas.”.

Na sessão de segunda, mais especificamente, o mercado repercutiu ainda o Boletim Focus, que reduziu a expectativa para a inflação neste ano pela sexta semana seguida, passando a ver o IPCA de 2025 próximo do teto da meta, de 4,5% ao ano, sendo 3% o centro da meta definida pelo BC.

Em relação à expectativa pela decisão de juros no Brasil nesta semana, Amaral aponta mais para o compasso de espera do comunicado que acompanhará a decisão, uma vez que o mercado aguarda a manutenção da Selic nos 15% ao ano mais uma vez ao final da reunião desta quarta-feira. “O mercado está na expectativa sobre quando deve iniciar o ciclo de afrouxamento, uma vez que temos novos dados de emprego e de inflação”, diz.

Até quando vai o bom momento?

O mercado trabalha com expectativas, e no momento, além do comunicado do Comitê de Política Econômica (Copom) do BC, Amaral lembra que há a incerteza fiscal na mesa, com agentes de olho sobre como o governo fechará as contas, e ainda o cenário geopolítico atual.

“O investidor estrangeiro olha isso, temos ainda um ambiente de muita incerteza. Tem mudanças de tarifas, de tributos, tanto no cenário doméstico como externamente”, afirma. Incertezas inclusive dentro próprio Fed. Na segunda-feira, dois membros do Fomc (comitê do Fed para a política monetária), disseram, em entrevistas diferentes, que não há certeza sobre um novo corte na última reunião do banco em dezembro. Vale dizer que mesmo o corte da semana passada, não foi uma decisão unânime entre os membros.

Nas máximas, mas com espaço para avançar mais

Ainda que o Ibovespa venha superando os patamares máximos, Matheus Amaral diz que o índice brasileiro ainda fica atrás dos países emergentes e outros pares. “Ainda é uma bolsa descontada. O principal ponto é que ela mais barata que os pares”.

Com alta acumulada de quase 25% neste ano até outubro, perde para a bolsa do Chile, por exemplo, que registra 41%, Peru (59%), México (28%) e África do Sul (50%) e Coreia do Sul (71%). De acordo com o analista do Inter, todas impactadas pelo fluxo de investimentos estrangeiros. “É o investidor estrangeiro observando tendência de desvalorização do dólar”.

No Brasil, o Ibovespa figura como o terceiro investimento mais rentável em 2025 até 31 de outubro, atrás do ouro (51,86%) e small caps (27,85%), de acordo com levantamento da Elos Ayta consultoria.

Fonte: istoedinheiro.com.br/Ana Carolina Nunes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *