Reunião de Vieira e Rubio pavimenta negociação sobre tarifaço dos EUA
Encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio na Casa Branca marcou o início das negociações entre Brasil e EUA após meses de tensão/Foto: Lara Abreu / Arte Metrópoles
Conforme era esperado, a reunião entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, terminou sem grandes anúncios imediatos. No entanto, o encontro pavimentou a retomada do diálogo entre Brasil e Estados Unidos, que agora se preparam para iniciar negociações envolvendo o tarifaço norte-americano e as sanções contra autoridades brasileiras.
Viagem de Mauro Vieira aos EUA
- Mauro Vieira esteve nos EUA para uma reunião com o secretário de Estado do país, Marco Rubio, nessa quinta-feira (16/10).
- De acordo com o chanceler brasileiro, a conversa ocorreu em um “clima excelente de descontração” e foi produtiva.
- Esta é a primeira vez que Vieira se reuniu com Rubio desde janeiro, quando Donald Trump assumiu a Presidência dos EUA pela segunda vez.
- Nos últimos meses, a administração norte-americana iniciou uma ofensiva contra o Brasil. Com isso, produtos brasileiros foram tarifados, e autoridades do Brasil se tornaram alvo de sanções dos EUA.
- Uma das justificativas para as medidas foi o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe.
O chanceler brasileiro se encontrou com o secretário de Estado dos EUA nessa quinta-feira (16/10), na Casa Branca, em um contato descrito como “muito produtivo”. Além dos dois chefes de diplomacia, o representante de comércio norte-americano, Jamieson Greer, participou da reunião.
Na reunião, o chanceler reiterou a posição brasileira, que pede a “reversão das medidas adotadas pelo governo norte-americano a partir de julho”. O que começará a ser discutido em breve, mas sem definições até o momento.
Os próximos passos das negociações, como datas, formato e equipes de negociadores, serão definidos através contatos futuros com Rubio, acrescentou o chanceler brasileiro.
Não ficou claro se questões políticas, como a condenação de Jair Bolsonaro (PL), foram temas da reunião entre Vieira e Rubio. Anteriormente, a administração Trump usou o processo contra o ex-presidente brasileiro, condenado a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe, para justificar a ofensiva tarifária contra o Brasil.
Encontro entre Lula e Trump
Durante coletiva de imprensa após a ida à Casa Branca, Vieira revelou que a conversa com Rubio ocorreu em “clima excelente de descontração”, em sintonia com a “boa química” entre os presidente Lula e Trump durante a 80ª Assembleia Geral da ONU.
Após o evento em Nova York, os dois presidentes realizaram chamada de vídeo em 6 de outubro, em que acertaram novo encontro presencial. Segundo o Palácio do Planalto, Lula se mostrou disposto a manter reunião bilateral com Trump na próxima Cúpula da Asean, prevista para acontecer no fim deste mês, na Malásia.
Questionado se o contato poderia ser realizado no evento, o ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que ele deve ocorrer em breve, mas preferiu não cravar que o palco será a cúpula no sudeste asiático. Isso porque, segundo Vieira, tudo depende da disponibilidade na agenda de ambos os líderes.
Convergência sobre minerais críticos
Os minerais críticos brasileiros são vistos como um trunfo nas negociações com os EUA, e a previsão do governo é de que eles sejam incluídos nos diálogos — a administração norte-americana já demonstrou interesse no assunto.
De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Brasil deve buscar “convergências” com a administração norte-americana sobre o tema, com o objetivo de buscar investimento para a exploração de terras raras.
“Vamos discutir minerais críticos, convergências entre o que temos de minerais e o capital norte-americano para explorar os minerais. Porque queremos desenvolver a cadeia mineral no Brasil, não apenas a exploração, mas trazendo para o Brasil também inteligência”, disse Silveira após o encontro entre Vieira e Rubio.
Conversas sobre o tema deverão ser tratadas pelo ministro de Minas e Energia do Brasil e o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright. Os dois devem se reunir no fim do mês, durante encontro do G7 no Canadá.
Fonte: metropoles.com/Junio Silva