Vitória suada, contra uma seleção fraca, garantiu o Brasil na segunda fase em 1974
Rivelino carrega a bola em jogo entre Brasil e Zaire, na Copa do Mundo de 74, na Alemanha/Foto: ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO
Jairzinho, Rivellino e Valdomiro garantiram o resultado contra o Zaire
A seleção tinha conquistado o tricampeonato, em 1970, no México, mas a equipe que disputou a Copa seguinte, na Alemanha, não foi nem a sombra da anterior. Ainda comandada por Zagallo, era pouco criativa e defensiva. Depois de dois empates sem gols, Iugoslávia e Escócia, o Brasil tinha que vencer o fraco Zaire por uma diferença de três gols para passar à fase seguinte.
Os estádios da Alemanha já eram modernos para a época. O acesso ao campo, a partir dos vestiários do Waldstadion, em Gelsenkirchen, era feito por escadas rolantes. Os jogadores do Zaire estavam se dirigindo ao gramado quando César Maluco, centroavante do Palmeiras, apertou um botão para a escada mudar de sentido. Consequência: os atletas do Zaire levaram um baita tombo e entraram em campo irritados com os brasileiros. Jairzinho, com cabelo “black power”, fez o primeiro da seleção na Copa aos 12 do primeiro tempo. Zagallo foi flagrado pelas câmeras de TV soltando um palavrão. Era uma espécie de desabafo, depois de duas partidas sem um golzinho sequer.
Na etapa final, Rivellino fez o segundo aos 22. Zagallo tirou Leivinha e colocou Valdomiro, que marcou o gol salvador aos 34 minutos. Ele chutou da ponta direita e o goleiro Kazadi, que não jogava de luvas, levou um frango. A bola entrou rasteira no canto esquerdo dele. O supersticioso Zagallo gostou, claro. Valdomiro era camisa 13. Cada jogador brasileiro ganhou 6 mil dólares pela classificação nacional. A Folha de S.Paulo publicou declarações do treinador: “O Brasil não está mal — disse — e de agora em diante o público conhecerá o verdadeiro Brasil. Sei que não fomos bem, mas vocês devem compreender que estamos nervosos. Tínhamos muita responsabilidade sobre nossas costas.”
Na fase seguinte, a seleção venceu a Alemanha Oriental por 1 a 0, passou pela Argentina, 2 a 1, mas perdeu para a poderosa Holanda, 2 a 0, e ficou de fora da finalíssima. Na decisão do terceiro lugar, a equipe foi derrotada pela Polônia por 1 a 0.
O pesquisador Ciro Götz cedeu ao “Memória da Pan” a íntegra de Brasil e Zaire, transmitido pela Rádio Guaíba (RS). A narração é de Armindo Antônio Ranzolin e participações de Lauro Quadros, Ruy Carlos Ostermann, João Carlos Belmonte e Milton Ferreti Jung.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Fonte: jovempan.com.br/Por Thiago Uberreich