Reajuste de 66% no salário de Adriane com impacto de R$ 296 mi tem aval do chefe do MPE

Chefe do MPE, Romão Ávila Milhan Júnior, concordou com reajuste de até 159% que terá impacto de R$ 296 milhões, enquanto a saúde agoniza na Capital (Foto: Arquivo)

O reajuste de 66% no salário da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), que passará de R$ 21.263 para R$ 35.462,22, terá impacto de R$ 296,6 milhões em quatro anos, segundo estimativa da prefeitura. Os secretários tiveram reajuste de 159%. O aumento conta com aval do procurador-geral de Justiça, Romão Ávila Milhan Júnior, e deverá também ter o aval do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Apesar do colapso no sistema público de saúde, com até o atendimento de emergência restrito na Santa Casa e os servidores municipais com os salários congelados pelo 3º ano consecutivo, o chefe do MPE ignorou a crise financeiro e concordou com o reajuste de até 159%, dividido em três parcelas.

O presidente da Câmara Municipal, Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), encaminhou o acordo na segunda-feira (26) ao TJMS para ser homologado pelo desembargador Odemilson Roberto Castro Fassa. Ele destaca que a proposta conta com o aval da prefeita da Capital e seguiu a orientação do MPE por meio do Compor (Centro de Autocomposição).

Apesar de se manifestar publicamente contra o aumento, Adriane enviou uma manifestação ao Poder Judiciário que concorda com o aumento de 66% no próprio salário, de 100% no vencimento da vice-prefeita, Camilla Nascimento de Oliveira (Avante), de R$ 15,9 mil para R$ 31.915,80, e de 159% do secretários municipais, de R$ 11.619 para R$ 30.142,70.

“ADRIANE BARBOSA NOGUEIRA LOPES, na qualidade de Prefeita Municipal de Campo Grande, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, através da Procuradora-Geral do Município, ratificar todos os termos da petição de fls. 980-982, e informar que concorda com o pedido de homologação do acordo entabulado entre as partes, com a consequente extinção da ação com resolução demérito, na forma pleiteada”, informou, pedindo a extinção da Ação Direta de Inconstitucionalidade que suspendeu o reajuste no próprio salário em março deste ano.

O aval do MPE

Responsável por fiscalizar o cumprimento da Constituição, o procurador-geral de Justiça também concordou com a alteração nos salários e com a apresentação do impacto financeiro em projeto aprovado no mês passado pela Câmara Municipal.

De acordo com a estimativa feita pela prefeita, o impacto do reajuste neste ano será de R$ 32,876 milhões. Em 2026, o impacto será de R$ 73,120 milhões. Em 2027, quando o salário chega ao valor máximo, o impacto será de R$ 95,311 milhões. Em três anos, o impacto será de R$ 201,3 milhões – o valor é quatro vezes o necessário para encerrar a crise da Santa Casa.

Apesar do atual mandato ir até 2028, Adriane não incluiu o valor previsto para este. Nos quatro anos, o gasto extra com o reajuste será de R$ 296,6 milhões.

“Insta ressaltar que o Ministério Público Estadual, por meio do Centro de Autocomposição do MPMS – COMPOR, orientou as partes de que o Município deveria apresentar, por intermédio da sua Secretária Municipal de Gestão, um estudo de impacto orçamentário-financeiro, nos termos que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Federal n. 101/2000), bem como declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias, nos termos do disposto no artigo 16, II, da LRF”, pontuou Milhan Júnior.

E acabou concluindo que não apresenta óbice a homologação do acordo pelo Poder Judiciário.

Enquanto isso, os servidores da base, que ganham até menos do que um salário mínimo, seguem sem reajuste pelo 3º ano consecutivo.

Enquanto sobra dinheiro para reajuste, pacientes correm risco de morte por falta de materiais na Santa Casa (Foto: Arquivo)

Fonte: ojacare.com.br/By Edivaldo Bitencourt

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