28 milhões de toneladas de resíduos têm destinação inadequada no país

Desde agosto de 2024, o país não deveria mais ter aterros controlados, valas e lixões a céu aberto. No entanto, a realidade é diferente/Foto: DF Legal/Reprodução

Cada item usado e jogado na lixeira nos domicílios brasileiros, como papéis, embalagens plásticas, garrafas de vidro, restos de comida e outros materiais, são classificados tecnicamente como Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). A geração deles no Brasil, em 2024, foi de 81,6 milhões de toneladas, uma média de 384 kg de RSU produzidos por cada brasileiro durante o ano.

Desse montante, 93,7% teve a coleta feita por serviços públicos ou por coleta informal, sendo que 41,4 milhões de toneladas (59,7%) foram destinadas a aterros sanitários adequados enquanto 7,7 milhões de toneladas (8,7%) foram enviadas à reciclagem.

Por outro lado, mais de 28 milhões de toneladas de resíduos – 40,3% do total de resíduos gerados – ficaram em lixões, foram queimados ou mesmo enterrados em terrenos país afora.

Os números são do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, elaborado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) e lançado este mês.

Apesar de ainda apresentar um sinal de alerta, o dado aponta uma discreta melhora em relação ao ano anterior. Em 2023, 41,5% do RSU gerado foi destinado a locais inadequados.

Política Nacional de Resíduos Sólidos

A gestão adequada dos resíduos, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) lançada há 15 anos, é de responsabilidade do município onde esses resíduos são gerados, desde a coleta, passando por transporte e tratamento, até o destino final.

Levando-se em conta as metas da PNRS, desde agosto de 2024 o país não deveria mais ter aterros controlados, valas e lixões a céu aberto. No entanto, a realidade é diferente.

“No ano em que o Brasil proibiu todas as formas de destinação irregular dos resíduos coletados nos municípios, ainda estimamos a existência de quase 3 mil lixões que recebem passivos ambientais que colocam a saúde pública em risco, mas que poderiam se tornar ativos econômicos para o país.”Pedro Maranhão, presidente da Abrema

O potencial econômico pontuado pelo presidente da Abrema se traduz em outros dados apurados pelo Panorama. A reciclagem de materiais “secos”, como plásticos, metais, papéis e vidros, avançou 0,4 ponto percentual em um ano, chegando a 7,1 milhões de toneladas ou 8,7% do total gerado no país.

E do que foi enviado para reciclagem, 4,6 milhões de toneladas (64,8% do total) foram coletadas por trabalhadores informais e sem ligação com os serviços oficiais; e apenas 2,5 milhões saíram de centros de triagem dos sistemas de coleta seletiva municipais.

“Novamente se repete a realidade em que quase dois terços dos resíduos enviados para reciclagem no Brasil são coletados por catadores autônomos enquanto apenas um terço é encaminhado por serviços públicos regulares. Isso mostra o tamanho do trabalho informal no cenário de reciclagem brasileiro e a importância de incluir esses trabalhadores nas discussões sobre políticas públicas a respeito do tema.”Pedro Maranhão, presidente da Abrema

Reciclagem bioenergética

Outra oportunidade econômica destacada pelo relatório diz respeito à produção de energia. Pela primeira o levantamento destacou dados da produção de combustível derivado de resíduo (CDR), de biogás e biometano e compostagem, dentro do conceito de reciclagem bioenergética.

Calculando de forma unificada materiais orgânicos ou não, o Panorama aponta que a reciclagem bioenergética alcança 11,7% de reaproveitamento para geração de energia renovável, ou seja, três pontos percentuais acima da reciclagem de “secos”.

O relatório pontua ainda que se a estrutura já existente fosse melhor aproveitada, o Brasil teria capacidade para suprir cerca de 5% da atual demanda nacional por gás natural com esse tipo de geração.

“Os dados mostram o quanto o Brasil ainda tem espaço para aumentar a geração de energia sustentável. Cada aterro sanitário é como um poço de petróleo verde e ecológico, com quantidades inesgotáveis para geração do que já é chamado como combustível do futuro. O Brasil pode ser para a geração de energia sustentável o que a Arábia Saudita é hoje para o combustível fóssil”, afirmou o presidente da Abrema.

O Panorama ainda traz experiências bem sucedidas pelo país. Um dos 13 sistemas de logística reversa, o de latas de alumínio para bebidas foi implementado oficialmente em 2020.

Hoje, o material que é 100% reciclável, tem um percentual de reciclagem que chega a 97,3% das latinhas colocadas no mercado de 22 estados e do Distrito Federal, o que representa 418 mil toneladas de alumínio recuperadas em 2024.

Fonte: metropoles.com/Da Redação

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