Greve de servidores poderá ser regulamentada para não afetar serviços essenciais

A Esplanada dos Ministérios, em Brasília — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

Proposta do governo inclui regras claras e negociações com sindicatos, mas enfrenta críticas sobre a demora no consenso

A União planeja debater a regulamentação do direito de greve para os servidores, com o objetivo de garantir que a paralisação de atividades não comprometa serviços essenciais. A proposta inclui a criação de regras claras que definam as atividades indispensáveis, assegurando que a população não seja prejudicada em caso de uma cadeia de greves, como ocorreu nos dois primeiros anos de governo.

Desde 2023, diversas categorias, como professores universitários e auditores-fiscais, realizaram greves para pressionar o governo por reajustes salariais. No fim de outubro, os auditores-fiscais da Receita Federal cruzaram os braços por dois dias, reivindicando a abertura de uma mesa de negociação.

O governo também quer avançar na regulamentação da negociação coletiva, prevista pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A falta de um “manual” tem levado a judicializações e à aplicação de penalidades severas contra movimentos grevistas. Outro ponto é a necessidade de modernizar as carreiras públicas e lidar com o déficit de pessoal. Cerca de 66 mil servidores estão aptos a se aposentar, representando 11,4% do total. A projeção é que esse número chegue a 180 mil em dez anos.

Avaliação de sindicalistas

Dirigentes sindicais, como Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), e Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), defenderam que a regulamentação deve garantir os direitos constitucionais dos servidores.

Marques enfatizou que qualquer projeto deve equilibrar o interesse público com a preservação do direito à greve.

– Uma regulamentação justa deve ser fruto de negociações com as entidades sindicais. Não podemos aceitar que a definição de atividades essenciais seja usada para enfraquecer a capacidade de mobilização dos servidores.

Silva criticou a demora do governo em enviar ao Congresso uma proposta construída em consenso com sindicatos.

– O direito à greve está diretamente ligado ao direito à negociação coletiva. Sem isso, as greves continuarão sendo o único caminho para buscar diálogo e avanços.

Fonte: extra.globo.com/Por Gustavo Silva — Rio de Janeiro

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