Doar pele salva vidas! Saiba como fazer a autorização pela internet
Pessoas que desejam ser doadoras de órgãos tanto de pele, como de coração, rins, córnea, podem declarar essa vontade pelo app Aedo, do CNJ\Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF
Doar pele. Não é comum ouvir por aí que alguém vai até o cartório ou conversou com a família sobre doar a pele para ajudar pessoas que tiveram os corpos queimados ou foram vítimas de um câncer e urgem por uma reposição imediata que pode salvar sua vida. O Brasil tem hoje quatro bancos para esse tipo de doação, mas os níveis são sempre críticos.
No país, quatro bancos estão em funcionamento e mais dois, um em Ribeirão Preto e outro em Salvador, aguardam autorização para começar a funcionar. A distribuição do tecido está sob regulação da Central Nacional de Transplantes (CNT) e das Centrais Regionais.
Um único doador pode beneficiar até 30 pacientes que, em muitos casos, aguardam por anos na fila de transplante. Porém, nem sempre é possível esperar, em alguns casos, o transplante de pele precisa ser imediato ou a vida do paciente é comprometida.
Para os que não imaginavam que esse tipo de autorização é possível, doar pele é uma prática para os que assim desejam, e a autorização pode ser feita pela internet, assim como quem deseja declarar a vontade de ser doador de coração, rins, fígado, pulmão ou córneas.
Por meio do aplicativo Aedo, criado em uma parceria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com os cartórios do Brasil para facilitar que as pessoas se cadastrem como doadoras.
O Aedo é uma declaração da vontade do doador, registrada de forma eletrônica, simples e gratuita em um dos 8.344 cartórios de notas do Brasil e que inclui uma gravação em vídeo dessa manifestação. “Temos uma grande adesão dos profissionais da área de saúde que estão se cadastrando progressivamente para consultar a plataforma e verificar se a pessoa que morreu é doadora, tendo um argumento importante para dialogar com a família e viabilizar a doação de órgãos”, afirmou a juíza auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Liz Rezende, responsável pelo projeto no CNJ.
O acesso ao serviço pode ser feito pelo aplicativo do e-Notariado ou pela página da Aedo na internet. O site disponibiliza o formulário a ser preenchido mediante certificado digital notarizado – aqueles que não tenham o certificado podem solicitá-lo na mesma página. O formulário contém campos para informar os dados pessoais do solicitante, os órgãos do corpo que deseja doar e a escolha do cartório em que deseja registrar a autorização.
Declaração de doação
Após os dados preenchidos, o sistema gera automaticamente a Declaração de Doação de Órgãos, Tecidos e Partes do Corpo Humano, que será assinada digitalmente pelo cidadão. Após a análise da solicitação pelo cartório, será agendada a sessão de videoconferência para a gravação da declaração. Também será necessário assinar digitalmente nessa etapa, com o mesmo certificado digital, concluindo o processo de emissão.
“Caso a pessoa tenha dificuldade ou impossibilidade absoluta de acessar o sistema, ela pode procurar um cartório de notas e solicitar o acesso à plataforma do e-Notariado, porque ela tem impossibilidade de uso de recursos digitais ou de documento nato digital, que é importante e imprescindível para fazer a declaração eletrônica”, ressalta Liz Rezende. A qualquer momento, a pessoa que tenha autorizado a doação pode rever sua decisão e solicitar ao cartório a vontade de deixar de ser doador, caso queira.
O Aedo foi desenvolvido pelo CNJ, por meio da Corregedoria Nacional de Justiça e pelo Colégio Notarial do Brasil (CNB), e foi endossado pelo Ministério da Saúde. De abril até os dias atuais, mais de 11 mil pessoas aderiram à Campanha Um só Coração, que dá nome à iniciativa.
Captação de pele
A Sociedade Brasileira de Queimaduras também tem campanha permanente para incentivar a doação. O uso de pele no tratamento a queimados pode representar a diferença entre a vida e a morte.
A captação de pele é feita em pessoas que tiveram morte encefálica ou parada cardiorrespiratória e autorização da família. São retiradas finas lâminas, preferencialmente, das coxas, pernas e tronco posterior. Logo após a retirada, a pele é encaminhada a um banco de tecidos, iniciando-se o processamento e sua conservação em glicerol.
Durante este processo, são realizados diversos testes microbiológicos, ficando a pele liberada para envio somente após ser garantida a ausência total de microrganismos.
Fonte: metropoles.com/Manoela Alcântara